Já deita o futebol pelos olhos, já viu a sua série favorita, e agora apetecia-lhe assistir a uma conferência de um dos grandes génios do século XXI? Desta vez posso cumprir os seus desejos. Digite http://www.ted.com/ (Ideas Worth Spreading) e escolha o seu tema ou orador favorito. Ontem fui atrás de Sir Ken Robinson, um conhecido especialista em educação e criatividade, que defende que a escola não precisa de uma reforma, mas de uma revolução, porque é uma perda de tempo andar a remendar uma coisa que à partida já sabemos que não serve.
Ken Robinson explica que para ele a humanidade se divide em dois grupos, o daqueles que não gostam da sua actividade profissional e o daqueles que adoram o que fazem, uma escassa minoria garante. A justificação para este desencontro, diz o especialista, reside no facto de a escola não nos ajudas a desenvolver os nossos recursos naturais, ou seja, os nossos talentos. A quantidade de pessoas que respondem «nada» quando lhes é perguntado para o que é que têm jeito, é imensa. A culpa, defende, é da escola, que não ajusta no trabalho de prospecção interior necessária à descoberta dos seus recursos interiores.
A ditadura da ideia de que o sucesso é sinónimo de um percurso de vida linear dá cabo de qualquer réstia de criatividade. É especialmente brilhante o momento da conferência em que Robinson ridiculariza a ideia de que «tudo começa no Jardim de Infância» («a única coisa que começa no Jardim de Infância é o Jardim de Infância!»). O cúmulo desse ridículo é a nova moda dos testes de admissão para este primeiro «nível de escolaridade». Já viram o ridículo de um painel de peritos a analisar o CV de uma criança de três anos e a dizer: «Muito curto! Andas por aqui há 36 meses e é isto que tens para apresentar? Com que então seis meses perdidos a mamar!»
Perante os risos da assistência conclui que a educação igual para todos, ou seja, a educação fast-food é tão indesejável como a comida fast-food. Ambos ganham tudo com uma versão personalizada do currículo de aprendizagem, em que se criam as condições para que cada um descubra o seu próprio caminho. De facto apetece mesmo murmurar um «Assim Seja».
Destak, 15 de Junho, pág. 6, "O que diz o CV de uma criança" de Isabel Stilwell
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