"Nós estamos num estado comparável somente à Grécia: mesma pobreza, mesma indignidade política, mesma trapalhada económica, mesmo abaixamento dos caracteres, mesma decadência de espírito. Nos livros estrangeiros, nas revistas, quando se quer falar de um país caótico e que pela sua decadência progressiva poderá vir a ser riscado do mapa da Europa - citam-se, a par, a Grécia e Portugal. Nós, porém, não possuímos como a Grécia, além de uma história gloriosa, a honra de ter criado uma religião, uma literatura de modelo universal, e o museu humano da beleza da Arte. Apenas nos ufanamos do Sr. Lisboa, barítono, e do Sr. Vidal, lírico."
Assim escrevia Eça de Queiroz numa das suas crónicas, corrosivas e contundentes, reunidas no livro Uma Campanha Alegre, publicado em 1872.
Substitua-se o Sr. Lisboa, barítono, pelo Cristiano Ronaldo, futebolista, e o Sr. Vidal, lírico, pelo José Mourinho, treinador do mesmo ofício, e vemos os tempos de hoje com a acrescida inquietude. Mais de cem anos percorridos e continuamos a ser o que fomos. Fatalidade histórica ou sina do destino?
Destak, 16 de Junho, pág. 23, "Outros tempos; As mesmas circunstâncias" de José Luís Seixas
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